Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu na Europa, a partir do século XVII, e defendia o uso da razão para promover mudanças na sociedade. O pensamento iluminista contestava o modelo de sociedade que surgiu a partir do século XV, caracterizada pelo chamado Antigo Regime.
Este movimento acabou promovendo mudanças políticas, económicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. O apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, conhecido como o Século das Luzes. Teve grande repercussão na França, onde influenciou a Revolução Francesa.
O pensamento iluminista atacava directamente o chamado Antigo Regime. Denominamos Antigo Regime, as características políticas, económicas, sociais e religiosas que predominaram na Europa até o século XVIII. Na política, predominava o absolutismo, com os reis acumulando grande poder nas mãos. Na economia, predominavam as ideias mercantilistas, que defendiam a intervenção do governo nos assuntos económicos.
Na sociedade, predominava a sociedade estatal, dividida em estados: o primeiro estado era o clero; o segundo estado era a nobreza; e o terceiro estado, a burguesia, camponeses e operários. Somente os dois primeiros tinham direitos políticos e privilégios. Na religião, predominavam as perseguições religiosas após as reformas do século XVI. Cada governante passou a querer impor sua religião aos governados.
Podemos concluir que o antigo regime era composto por instituições e modelos sócio-económicos que iam contra os interesses da burguesia. Assim, deveria ser substituído.
O pensamento iluminista foi influenciado por uma série de intelectuais europeus que ajudaram a construir uma visão diferente do mundo e da sociedade. Assim, no século XVII, o francês René Descartes defendeu que a verdade poderia ser alcançada através de duas habilidades humanas: duvidar e reflectir.
Neste mesmo período surgiram vários estudos no campo das ciências da natureza que também influenciaram o pensamento iluminista. Dentre estes estudos, está a obra do inglês Isaac Newton. Por meio de seus experimentos, Newton conseguiu elaborar uma série de leis que explicavam os fenómenos naturais independente das concepções religiosas.
Este conjunto de ideias influenciou o pensamento dos chamados pensadores iluministas, como John Locke, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Diderot, entre outros.
John Locke e Montesquieu
John Locke foi um pensador inglês. Criou a obra “Dois Tratados sobre o Governo”, na qual defendia que o homem teria alguns direitos naturais como a vida, a liberdade e a propriedade.
É considerado o pai do liberalismo, filosofia que defende a propriedade privada, a igualdade de todos perante a lei, a limitação do poder do governante e o livre mercado. O liberalismo político atacava directamente os princípios do absolutismo, sendo que as ideias republicanas, constitucionais e o direito ao voto surgiram a partir do liberalismo.
Montesquieu foi um pensador francês. Criou a obra “Do Espírito das Leis”, na qual defendeu a separação dos três poderes do estado, ou seja, o Executivo, Legislativo e Judiciário. A separação dos três poderes tinha como objectivo limitar o poder do governante, para evitar abusos de autoridade, comum nos governos absolutistas.
Voltaire e Rousseau
Voltaire também foi um pensador francês. Criou a obra “Dicionário Filosófico”, na qual defendia que a mistura de religião e política criava governos injustos, que defendiam os interesses de apenas uma parcela da população.
Apesar das críticas, Voltaire não desejava o fim da monarquia. Para ele, o governo ideal era a monarquia esclarecida, ou seja, o poder do rei mediado pela ideias iluministas. Voltaire também defendia a liberdade de expressão. Foi autor da frase: “Posso não concordar com uma palavra que dizes, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-las”.
Rousseau foi um pensador suíço. Criou a obra “Do Contrato Social”, na qual defendia que a sociedade era capaz de corromper o ser humano, eliminando a sua bondade natural. Para ele, a simplicidade e a comunhão entre os homens deveriam ser valorizadas como factores essenciais na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Entretanto, esse modelo só poderia ser alcançado quando a propriedade privada fosse sistematicamente combatida. Foi autor da frase: “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”.
Diderot foi um pensador francês. Junto com D’Alembert, criou a obra “Enciclopédia”. Seu objectivo era reunir todo o conhecimento que a humanidade havia produzido até sua época. A criação desta obra foi um factor determinante para que as ideias iluministas se espalhassem pela população, adquirindo grande visibilidade.
Diderot foi autor da frase: “O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas do último padre”.
Fisiocracia
Além de mudanças sociais e políticas, os iluministas também defendiam mudanças na economia que, na época, era dominada pelo Mercantilismo. Os primeiros críticos do mercantilismo foram os fisiocratas. Para eles, a riqueza deveria vir da agricultura, da mineração e da pecuária.
Para os fisiocratas, o comércio era considerado uma actividade estéril, já que não passava de uma troca de riquezas. A fisiocracia também defendia o fim da intervenção do estado na economia. Segundo eles, a economia deveria agir livremente e sem restrições.
Estas ideias acabaram influenciando pensadores como o inglês Adam Smith, considerado o pai da economia clássica.
Despotismo Esclarecido
As ideias liberais se espalharam rapidamente pela população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo, passaram a aceitar algumas ideias iluministas. Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam unir o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso iluministas. Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.
Iluminismo - movimento cultural, que surgiu no século XVIII, e que valorizava o Homem como ser racional e esclarecido.
O que defendia o Iluminismo?
- Liberdade Económica
- Liberalismo Politico
- O Homem devia ser iluminado pelo conhecimento baseado na razão para assim sair da obscuridade da ignorância e ser livre
Os iluministas eram intelectuais, na maioria de origem burguesa, que criticaram a situação social, politica e cultural vivida no Antigo Regime.
A difusão das ideias iluministas foi rápida graças:
-à invenção da Enciclopédia
-aos jornais
-aos cafés
-às academias
-às lojas da Maçonaria
Influencia das ideias iluministas em Portugal
Os estrangeirados
As ideias iluministas chegaram a Portugal sobretudo através dos estrangeirados (portugueses que viveram no estrangeiro e quando regressaram a Portugal quiseram aplicar as mudanças que estavam a ocorrer lá fora).
Reformas Pombalinas
As propostas de mudança vieram a ser aplicadas por meio de reformas económicas, sociais e culturais promovidas pelo Marques de Pombal, ministro de D. José.
Reformas Económicas (mercantilistas)
- criou companhias de comércio, a quem deu o monopólio de alguns produtos
- apoiou manufacturas através da isenção de impostos e de subsídios e criou novas
Reformas Sociais
- pôs fim ás perseguições da inquisição
- concedeu privilégios de nobreza a burgueses
Reformas Culturais
- fundou escolas menores (ensino primário)
- fundou escolas régias (ensino secundário)
- reformou a Universidade de Coimbra, onde foi introduzido o ensino de novas matérias como a matemática e as ciências da natureza
- modernizou os métodos de ensino com frequente recurso á experimentação laboral
A Nível Politico
- apoiou o despotismo esclarecido
- reforçou o aparelho do Estado através da criação de organismos que controlavam a administração e - as actividades do Reino (erário régio, junta de comercio, real mesa censória e colégio dos nobres)
A importância da Cidade de Lisboa
A reconstrução da Cidade de Lisboa, após o terramoto de 1755, foi outra iniciativa de Marques de Pombal, e serviu para dar uma imagem do poder do Rei embora baseado nas ideias iluministas.